Segundo a Justiça do Rio Grande do Sul, a condenação refere-se a crimes de estelionato praticados contra 16 vítimas da cidade de Canoas, Região Metropolitana de Porto Alegre.

Entretanto, o número das vítimas chega a 370 pessoas, segundo a apuração realizada pela Polícia Civil.

Anderson Bonetti, apontado como sócio de Nego Di • Reprodução/Redes Sociais
Anderson Bonetti, apontado como sócio de Nego Di • Reprodução/Redes Sociais

O influenciador está em liberdade provisória desde novembro do ano ado, quando deixou a Penitenciária de Canoas depois de quatro meses preso.

O momento em que Nego Di sai pelo portão da Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan) foi registrado em vídeos que viralizaram nas redes sociais.

Na saída, ao ser questionado se tinha algo a dizer, respondeu: “Deus é o maior”.

Veja:

À época da soltura, Nego Di demitiu a própria advogada Tatiana Borsa, após a profissional publicar uma foto fazendo um brinde em comemoração com o humorista, em que a legenda dizia: “Como esperamos para postar este retrato”. A foto foi apagada instantes depois.

Advogadas posam com Nego Di, momentos após ele ser solto • Reprodução
Advogadas posam com Nego Di, momentos após ele ser solto • Reprodução

Após o ocorrido, a Justiça advertiu Dilson, pontuando que "cabe a ele zelar pelo efetivo cumprimento das condições impostas na decisão judicial que deferiu, liminarmente, a sua liberdade provisória".

Desde que foi solto, Nego Di está morando em uma área nobre de Palhoça, na Região Metropolitana de Florianópolis.

Em dezembro do ano ado, a Justiça gaúcha autorizou que ele mudasse de estado, ando a morar em Santa Catarina.

Leia Mais

O esquema

Segundo as investigações, Nego Di vendia produtos incluindo TVs, ar-condicionado e aparelhos celulares por um preço abaixo do mercado e não os entregava.

Nas redes, ele dizia ter sido contratado por Anderson Bonetti para apenas divulgar os produtos, mas em outro vídeo dizia ser o dono e garantia a entrega do produto aos clientes.

Em uma mensagem recebida por uma das vítimas, que foi obtida pela CNN, o humorista afirmou que a loja era dele, mas, que durante o processo de entrega dos produtos acabou tendo um problema, justificando a demora.

Veja:

Em mensagem, Nego Di afirmou que a loja virtual era de propriedade dele • Reprodução
Em mensagem, Nego Di afirmou que a loja virtual era de propriedade dele • Reprodução

Uma das vítimas do golpe, que teve um prejuízo de R$ 30 mil, ao comprar dois celulares e alguns ar-condicionado, contou à CNN sobre o modus operandi de Nego Di.

Segundo ela, o suspeito vendeu, em 2022, aparelhos celulares com valores bem abaixo do mercado e fez a entrega, para dar veracidade ao golpe.

Logo após, ele anunciou que criaria uma loja virtual, vendendo produtos em preço baixo para que todos pudessem ter o.

O prazo de entrega dos produtos era de 50 dias, o que para a polícia foi um plano idealizado por Nego Di, para poder ludibriar outras pessoas, fazendo mais promoções para atrair outros clientes nesse tempo.

A partir da procura das vítimas à polícia, houve quebra de sigilo bancário, demonstrando que, em um curto período de tempo, Nego Di recebeu mais de R$ 300 mil, confirmando o dolo de estelionato.

"Ninguém mandou comprar televisão"

Em vídeos obtidos pela CNN, Nego Di aparece em um carro de luxo enquanto conversa com um homem que registra o momento enquanto diz "ninguém mandou comprar televisão", "ninguém mandou comprar ar-condicionado" e "olha a TV aí", em referência ao veículo da marca BMW.

Já em outro vídeo, Nego Di participa de um podcast com amigos, onde todos riem quando ele diz que "lançou uma promoção" do ar-condicionado, além de afirmar que a loja é dele mesmo.

Em outro trecho, ele comenta sobre a origem dos produtos, e diz que se os produtos não forem entregues é pelo "usuário não encontrado", mencionando que caso não tenha chegado, é por conta da loja não ter encontrado o destinatário.

Outro lado

Nesta segunda-feira (10), após a condenação, a advogada Camila Kersch, que defende Nego Di, afirmou que "irá interpor todos os recursos cabíveis contra a condenação".

Ainda em nota, ela disse seguir confiante de que as instâncias superiores reavaliem os fatos, reconhecendo os "vícios processuais, além do comportamento de Dilson ao longo do processo.

A defesa de Anderson Bonetti, representada pela advogada Daniela Schneider, também se manifestou e informou que " irá recorrer da decisão que manteve o mesmo em regime fechado sem possibilidade de apelar em liberdade, destacando a violação ao princípio da isonomia. Apenas um dos réus do mesmo processo teve reconhecido o direito de recorrer em liberdade, o que configura, na visão da defesa, tratamento desigual entre partes em situação jurídica semelhante."

"A defesa também ressalta que a permanência de Bonetti em regime fechado durante o recurso compromete a reparação dos danos às vítimas, já que ele se encontra impossibilitado de exercer sua atividade profissional e, portanto, de reunir recursos financeiros para eventuais indenizações. Manter a prisão, nesse contexto, acaba sendo prejudicial inclusive aos lesados, que ficam privados de qualquer possibilidade concreta de ressarcimento", finalizou a nota.

*Sob supervisão

Tópicos
InvestigaçãoJustiçaNego DiPolíciaRio Grande do Sul