"Vínculos amorosos saudáveis oferecem segurança, conforto e acolhimento emocional. Quando a relação ocorre dessa forma, contribui para reduzir o impacto do estresse no corpo e auxilia na regulação emocional", afirma a psicóloga clínica Larissa Fonseca à CNN.

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Uma pesquisa publicada em 2024 pela American Psychological Association mostrou que pessoas em relacionamentos amorosos saudáveis têm 50% menos probabilidade de desenvolver problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, em comparação com aqueles que enfrentam relações conflituosas ou vivem em isolamento emocional.

O trabalho também mostrou que essas pessoas relatam níveis mais altos de satisfação com a vida, maior resiliência diante de situações adversas e menor incidência de distúrbios do sono.

"Os vínculos amorosos estimulam a liberação de hormônios ligados ao bem-estar, como a serotonina e a ocitocina", explica Ana Carolina Gomes, neurologista do Centro Especializado em Neurologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, à CNN.

A ocitocina, conhecida como "hormônio do amor" é liberada durante momentos de conexão emocional e proximidade física, de acordo com a especialista. É o caso de abraços, beijos e conversas íntimas, por exemplo. "Ela ajuda a reduzir o cortisol, hormônio do estresse, promovendo uma sensação de segurança e relaxamento", afirma.

Já a serotonina, relacionada ao bom humor, é estimulada por interações positivas, melhorando a resiliência emocional e protegendo contra sintomas de ansiedade e depressão.

"Esses hormônios criam um ciclo de reforço positivo: quanto mais saudável o relacionamento, mais esses hormônios são liberados, favorecendo a saúde mental e o equilíbrio emocional", explica Gomes. "Além disso, sentir-se amado e valorizado ativa circuitos cerebrais associados à recompensa e ao prazer, contribuindo para uma sensação de bem-estar geral."

A psicóloga Fonseca concorda: "O efeito sentido no corpo é uma resposta segura diante dos desafios da vida", afirma. Ela acrescenta, ainda, os benefícios da redução do estresse oferecidos pelo amor. "O estresse elevado e crônico pode desencadear os transtornos ansiosos e depressivos pelos pensamentos, emoções e comportamentos inadequados quando em situações percebidas como problemas."

Amor romântico pode estimular memória e aprendizado

Outro estudo publicado em 2024 e conduzido por pesquisadores da Aalto University, na Finlândia, mostrou que o "amor romântico" ativa áreas específicas do cérebro associadas à recompensa, empatia e regulação emocional, como os gânglios da base e o córtex pré-frontal.

Essa ativação está diretamente ligada à sensação de segurança emocional, fortalecimento das funções cognitivas e estímulo à memória e ao aprendizado.

"Os gânglios da base fazem parte do sistema de recompensa, liberando dopamina, que é um 'hormônio do prazer'. Isso nos dá aquela sensação de felicidade e motivação quando pensamos na pessoa que amamos. Já o córtex pré-frontal ajuda a tomar decisões, planejar e regular as emoções, permitindo que o amor seja mais do que apenas uma paixão impulsiva", explica Gomes.

Os impactos positivos de uma relação saudável, porém, podem ir além e ser sentidos em outras áreas do corpo. É o caso da redução da pressão arterial e a proteção do coração. "Isso acontece porque relacionamentos saudáveis ajudam a manter nosso corpo em um estado de equilíbrio, chamado homeostase, essencial para o bom funcionamento de todos os sistemas do organismo. Ou seja, quando estamos em uma relação saudável, não é apenas o coração que se beneficia emocionalmente. O corpo inteiro sente os efeitos positivos dessa conexão", esclarece.

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